Arquivo do mês: outubro 2020

Nova Transportadora do Sudeste (NTS): Privatização Lesiva e Reestatização

Em 22 de setembro de 2016, o Conselho de Administração da Petrobrás aprovou a venda de 90% das ações da subsidiária integral Nova Transportadora do Sudeste (NTS), após reestruturação societária prevista para que a NTS concentre ativos de transporte do Sudeste (Rio de Janeiro, Minas Gerais e São Paulo), para a Brookfield Infrastructure Partners (BIP) e suas afiliadas, através de um Fundo de Investimento em Participações (FIP), cujos demais cotistas são British Columbia Investment Management Corporation (BCIMC), CIC Capital Corporation (subsidiária integral da China Investment Corporation – CIC) e GIC Private Limited (GIC).

Desde 2016, a Associação dos Engenheiros da Petrobrás (AEPET) alerta a direção da Petrobrás e a sociedade brasileira sobre os prejuízos financeiros e estratégicos referentes à privatização da NTS.

A AEPET estimou que a Petrobrás teria prejuízos financeiros, com a privatização da NTS, a partir do 19º mês após a alienação. Também alertou que a companhia passaria a ter riscos desnecessários para escoamento da sua produção de gás natural e de petróleo (associados) por passar a depender de terceiros para acesso a infraestrutura desta operação.

Este trabalho revela os prejuízos entre 2017 e 2019, assim como projeto os resultados financeiros negativos entre 2020 e 2030.

Para uma taxa de desconto de 7% ao ano, compatível com o custo de capital da Petrobrás, o Valor Presente Líquido (VPL) da alienação da NTS é de um prejuízo de R$ 15,4 bilhões (entre 2017 e 2030). Para períodos mais longos a lesão se agrava ainda mais. Os prejuízos ao Sistema Petrobrás se iniciaram a partir do 22º mês da realização do negócio.

Para a Brookfield Infrastructure Partners (BIP) e suas afiliadas foi um “negócio da China”. A Taxa Interna de Retorno (TIR) alcança 45,5%.


Em Defesa das Nacionalizações e Reestatizações

Escrito em cooperação com o Professor Gilberto Bercovici.

Nunca é demasiado recordar que a Petrobrás é fruto de uma das maiores campanhas de mobilização popular ocorridas na história brasileira, a Campanha “O Petróleo é Nosso”. A proposta de criação de uma empresa estatal com monopólio sobre a indústria petrolífera não surgiu de um gabinete, mas das ruas. Essa empresa, criada por Getúlio Vargas em 1953, tinha e tem por objetivo garantir o abastecimento nacional de combustíveis e a segurança energética do Brasil. Para isso, imensas quantidades de dinheiro público foram utilizadas para financiar a estruturação e o crescimento da Petrobrás, que, em poucas décadas, se consolidou como a maior empresa do país e uma das maiores do mundo em sua área de atuação. Não bastasse o tamanho e a importância da Petrobrás para o Brasil, a estatal ainda se caracteriza por ser a empresa que mais investe em ciência e tecnologia no Brasil e é detentora de produtos e tecnologias inovadoras que a destacam na indústria petrolífera mundial.


Promoção da Ignorância é Arma Contra Petrobras

O cidadão é assaltado, alguém pode culpá-lo porque não deveria estar na cena do crime naquele momento? A moça é estuprada, alguém pode condená-la por estar vestida de forma inadequada? Um país é invadido e saqueado, alguém pode criticar suas lideranças por não terem entregado suas riquezas antecipadamente para evitar a agressão?

Ricardo Bergamini sentencia “67 anos de corrupção da Petrobrás” no título para um texto no qual se propõe a relatar investigações, notícias da imprensa e sentenças condenatórias de executivos que passaram pela Petrobrás ao longo da sua história. Se a corrupção fosse da Petrobrás, a companhia seria agente e potencialmente beneficiária da corrupção. Nenhum dos relatos do referido texto apresenta esta possibilidade. Em todos os casos citados, a Petrobrás foi, ou pode ter sido, vítima da ação corruptora de empresas privadas e agentes a seu serviço, por vezes contando com o tráfico de influência de políticos corruptos e a anuência de executivos de aluguel corrompidos para atuar contra os interesses da Petrobrás.


Os 67 anos da Petrobras, entrevista ao Linha Direta

Entrevista concedida aos jornalistas Moisés Correa e Beto Almeida nas TVs Comunitárias do Rio, Brasília e Curitiba.

Destaco que um projeto de reconstrução nacional precisa incluir a recuperação dos ativos e subsidiárias da Petrobrás que foram privatizados. https://youtu.be/B7vaN059xdE