Arquivo do mês: agosto 2019

A crise brasileira e a Petrobras

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Podcast para Carta Maior. Ouça aqui

Sobre a crise brasileira e a Petrobrás (áudio transcrito)

A Petrobrás sempre foi alvo de disputa no Brasil, desde a sua criação ela representava uma ameaça os interesses estrangeiros no Brasil. Representou uma ameaça às multinacionais do petróleo quando foi criada e o ápice dessa dessa disputa – que é geopolítica e internacional – foi o suicídio do Getúlio porque ele não aceitava abrir mão da Petrobrás.

A Petrobrás demonstra a capacidade de realização do povo brasileiro e ela foi fundamental no desenvolvimento industrial, na urbanização do Brasil, nesse país que hoje é oitava economia do mundo. E agora, no século 21, ela demonstrou a capacidade do nosso povo ao descobrir as maiores reservas do Século 21, as maiores reservas de petróleo do Século 21 que é o pré-sal brasileiro.

O pré-sal, ele nos permite, ele nos dá uma oportunidade, uma chance… uma chance de desenvolvimento. Porque não existe substituto ao petróleo barato de se produzir, esse petróleo que foi abundante e era muito barato de se produzir… ele foi esgotado, as melhores reservas são esgotadas sempre primeiro e o petróleo barato de se produzir acabou.

Então nós temos hoje uma disputa acirrada pela energia no mundo, pelo petróleo no mundo, pela renda petroleira, na disputa pela renda petroleira se promovem guerras, se assassinam lideranças, se depõem governos, se promovem golpes de Estado e ocupação de países estrangeiros.

É claro que são usadas sempre desculpas, é sempre instrumentalizado, é instrumentalizado o combate ao terrorismo, é instrumentalizado a defesa da democracia e das liberdades, é instrumentalizado o combate à corrupção. Mas o que está em jogo é o petróleo, é a renda petroleira e a disputa geopolítica entre as Nações, a disputa por recursos naturais mais baratos possíveis, a disputa por mercados e a disputa por assalariados nas condições mais baratas possíveis para se explorar.

É nessa disputa internacional que se insere o Brasil em 2019, é a disputa pelo pré-sal que se dá hoje e a própria existência da Petrobrás porque a existência da Petrobrás e do pré-sal dão ao Brasil uma chance, uma chance do nosso país se desenvolver.

Existe uma relação entre crescimento econômico e consumo de energia, essa relação é direta… quanto maior o consumo de energia maior a possibilidade de crescimento econômico. Também existe correlação entre o desenvolvimento humano, por exemplo medido pelo IDH, e o consumo de energia por pessoa… quanto maior o consumo de energia por pessoa maior o índice de desenvolvimento humano de cada Nação do mundo.

O consumo brasileiro de energia e de petróleo, ele é ridículo, ele é muito baixo, é próximo ao do Paraguai, para que a gente tivesse, para que a gente tenha um desenvolvimento econômico com padrão europeu seria necessário consumir cinco vezes mais petróleo do que se consome hoje no Brasil. Hoje consumimos cerca de 2 milhões de Barris por dia, seria necessário consumimos 10 milhões. Se temos hoje 13 refinarias, das quais 8 estão correndo risco de serem privatizadas, entregues para o capital internacional, seria necessário construir mais 20 e não privatizar essas 8 refinarias.

É necessário consumir o petróleo, agregar valor ao petróleo no refino, na petroquímica, nos fertilizantes… é necessário usar a energia do petróleo que nós temos ainda disponível para construir a infraestrutura para produção das energias potencial mente renováveis que vão nos garantir um futuro melhor… depois de esgotado os nossos recursos que são finitos, recursos do Petróleo que são finitos, mas ao contrário o que que está acontecendo? É um absurdo que em 2019 nós estamos na perspectiva de exportar um milhão de barris de petróleo por dia, mas não exatamente nós estamos exportando… quem está exportando cada vez mais do petróleo brasileiro são as multinacionais estrangeiras.

Nenhum país se desenvolveu exportando petróleo cru por multinacional estrangeira, mas é exatamente esse o caminho que o Brasil está tomando hoje, em 2019, é um absurdo nós estarmos entrando em ciclo do tipo colonial que não atende os interesses da maioria, mas existe uma minoria… são os capitães do mato, são gerentes (gestores) desse projeto do tipo colonial que sempre existiram entre nós, que são poucos, mas esse projeto infelizmente tem sido muito bem sucedido. A maioria dos brasileiros precisa ter consciência do que está em jogo… é o nosso futuro, é o nosso país… o Brasil precisa se levantar.

Eu sou Felipe Coutinho, Presidente da Associação dos Engenheiros da Petrobrás


Nota sobre o resultado do 2º trimestre de 2019 da Petrobras

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As privatizações geram lucros não recorrentes e prejudicam os resultados futuros da Petrobrás.

A Petrobrás divulgou lucro líquido de R$ 18,9 bilhões no segundo trimestre, resultado influenciado pela venda de 90% da participação na Transportadora Associada de Gás (TAG) e a privatização da BR Distribuidora. Os desinvestimentos fazem parte de um plano de priorização da exploração e produção em águas profundas, especialmente no pré-sal, reduzindo participação ou se retirando completamente dos demais negócios, como transporte, refino, petroquímica, distribuição, fertilizantes, biocombustíveis e produção em campos terrestres. Leia mais


Vídeo: “Falácia da privatização para redução da dívida da Petrobras”

Avaliação econômico-financeira da influência das privatizações na redução da dívida da Petrobrás

As reduções da dívida e da alavancagem da Petrobrás têm sido utilizadas como pretexto para a privatização dos ativos da companhia.

A Petrobrás reduziu sua dívida líquida de US$ 115,4 para US$ 69,4 bilhões e sua alavancagem (dívida liquida / EBITDA ajustado) de 4,25 para 2,20, entre o final de 2014 e de 2018.

Nesse mesmo período de quatro anos, a Petrobrás vendeu ativos no valor de US$ 18,72 bilhões. Deste total, os valores efetivamente recebidos em caixa totalizaram US$ 11,81 bilhões

Esta dívida poderia ser reduzida, mesmo sem a entrada no caixa dos US$ 11,81 bilhões. Na realidade, as privatizações tiveram influência pouco relevante na redução do endividamento líquido da companhia, como se verá a seguir. Assista aqui